SISTEMA DE ENSINO X SABERES PRÁTICOS: violência simbólica e resistência na reprodução social de trabalhadores amazônicos
DOI:
https://doi.org/10.22196/rp.v22i0.6313Palavras-chave:
Relação saber-poder. Reprodução social. Sistemas de ensino. Educação intercultural.Resumo
Este artigo articula a contribuição dos estudos decoloniais (QUIJANO, 2005; LUCINI e SANTOS, 2018) à noção de habitus (BOURDIEU, 2009). O objetivo é mostrar como estes saberes práticos, incorporados e pré-reflexivos, característicos de culturas não letradas, conviveram, historicamente, com a influência do sistema de ensino, instituição que buscou fazer com que indígenas, negros, mestiços e seus descendentes reproduzissem a cultura das elites na Amazônia brasileira desde a colonização portuguesa, em 1616, aos dias atuais. O estudo concluiu que mesmo diante da colonialidade do poder, do racismo e da exploração pelas elites locais, esses trabalhadores amazônicos mestiços, vêm, historicamente, conseguindo se inserir no mundo do trabalho, graças a um habitus que articula o domínio do meio ambiente a uma rede de alianças entre explorados. Essas estratégias permitiram que conservassem relativa autonomia econômica e cultural, em diversos períodos históricos, diante dos interesses das classes dominantes e do Estado.
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