RELAÇÃO DE UNIDADES DE AGRICULTURA FAMILIAR DA COSTA OESTE PARANAENSE COM O NOVO RURAL BRASILEIRO
DOI:
https://doi.org/10.22295/grifos.v31i56.6328Keywords:
Aspectos sociais, organização familiar, transformação.Abstract
A agricultura familiar tem grande importância no crescimento do país e para a segurança alimentar, porém, com as mudanças sofridas pelo meio rural nas últimas décadas, ela vem sofrendo transformações em vários aspectos. O objetivo do estudo é identificar as características de unidades familiares localizadas na região da Costa Oeste do Paraná, em relação aos membros residentes e suas relações com o novo rural brasileiro. Esta pesquisa caracteriza-se como um estudo descritivo, com abordagem quantitativa e fontes secundárias extraídas do banco de dados dos relatórios do “Projeto de Agricultura Orgânica na BP3”, trabalho conduzido e desenvolvido pela Biolabore - Cooperativa de Trabalho e Assistência Técnica do Paraná, em conjunto com a Itaipu Binacional. As informações foram extraídas dos relatórios de 200 unidades de agricultura familiar. Identificou-se a ocorrência de pequenas famílias, em média com 3 membros residentes e parcela considerável de unidades onde somente residem o casal. Com relação a faixa etária, verificou-se que os membros residentes estão concentrados entre as faixas de 30 a 59 anos com 49,3%, e uma significativa presença de jovens até 19 anos (25,3%) e membros mais idosos com idade superior a 60 anos (7,5%). A taxa de analfabetismo é considerada baixa, porém com grande concentração de membros com ensino fundamental incompleto nas faixas etárias mais elevadas, indicando atraso educacional dos mais velhos e a formação educacional mais elevada está relacionada aos mais novos. Identificou-se que os membros residentes mais velhos são casados e dedicam mais tempo e mão de obra a propriedade, os mais jovens são solteiros, podendo constituir vínculo familiar fora do eixo rural, dedicando menos tempo as atividades agrícolas. Existe homogeneidade de variâncias entres as médias de idade e dias dedicados a propriedade entre os homens e as mulheres e indícios de pluriatividade nas unidades estudadas. Constatou-se que 65,9% dos membros residentes não possuem renda extra agrícola, entre os membros com este tipo de renda, (20,4%) a fonte advinda de aposentadorias é a principal, seguida pelas diversas outras funções desempenhadas pelos agricultores fora de sua propriedade que lhes rendem remuneração e 26,7% concentram-se na faixa entre 1 e 2 salários-mínimos que contribuem para a ampliação da renda familiar. Como trabalhos futuros, sugere-se o levantamento das potencialidades locais para a identificação de oportunidades e renda.
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