A LEGISLAÇÃO AGRÁRIA BRASILEIRA: O ACESSO À TERRA POR MEIO DOS CONTRATOS DE ARRENDAMENTO RURAL
DOI:
https://doi.org/10.22295/grifos.v31i55.6247Abstract
A estrutura fundiária brasileira é marcada pela concentração da terra nas mãos de poucos grandes proprietários, em um contexto de assimetria de poder, o que resulta em formas precárias de acesso à terra por amplos contingentes sociais. O objetivo deste artigo é identificar e analisar as principais alterações na legislação agrária do País, com ênfase nos contratos de arrendamento rural. O tema do arrendamento de terras é apresentado a partir das alterações nas legislações que regram o mercado de terras ao longo das últimas décadas. Conclui-se que as normas agrárias brasileiras sofreram poucas alterações no período analisado. Essa situação restringe a inclusão socioeconômica de agricultores com pouca ou nenhuma terra e beneficia produtores rurais mais capitalizados, inclusive do segmento da agricultura familiar.
Downloads
References
ALMEIDA, P. J. Arrendamento e Acesso à Terra no Brasil. 2002. 272 f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Econômico) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2002. Disponível em: <http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/285594>. Acesso em: 10 mar. 2021.
ALMEIDA, P. J.; BUAINAIN, M. A. Os contratos de arrendamento e parceria no Brasil. Revista Direito GV, São Paulo, v. 9, n. 1, p. 319-343, jan./jun. 2013. DOI: https://doi.org/10.1590/S1808-24322013000100012
AZEVEDO, Á. Teoria geral dos contratos típicos e atípicos. São Paulo: Atlas, 2004.
BANCO MUNDIAL. Rising global interest in farmland: can it yield sustainable and equitable benefits? Washington, D.C.: World Bank, 2010. Disponível em: <https://openknowledge.worldbank.org/handle/10986/2263>. Acesso em: 13 mar. 2021.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.
BRASIL. Constituição Política do Império do Brasil (de 25 de Março de 1824). Rio de Janeiro, RJ, 1824. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao24.htm>. Acesso em: 5 mar. 2021.
BRASIL. Decreto n. 59.566, de 14 de novembro de 1966. Regulamento do Estatuto da Terra. Brasília, DF, nov. 1966. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/antigos/d59566.htm>. Acesso em: 5 mar. 2021.
BRASIL. Decreto n. 91.766, de 10 de outubro de 1985. Aprova o plano nacional de reforma agrária, PNRA, e, da outras providências. Brasília, DF, nov. 1985. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Atos/decretos/1985/D91766.html>. Acesso em: 5 mar. 2021.
BRASIL. Lei n. 601, de 18 de setembro de 1850. Dispõe sobre as terras devolutas do Império. Rio de Janeiro, RJ, 1850. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l0601-1850.htm>. Acesso em: 2 jul. 2021.
BRASIL. Lei n. 3.072, de 1 de janeiro de 1916. Código Civil. Rio de Janeiro, RJ: Casa Civil, 1916. Disponível em: . Acesso em: 24 jun. 2021.
BRASIL. Lei n. 5.709, de 07 de outubro de 1971. Regula a Aquisição de Imóvel Rural por estrangeiro Residente no País ou Pessoa Jurídica Estrangeira Autorizada a Funcionar no Brasil. Brasília, DF: Casa Civil, 1971. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5709.htm>. Acesso em: 20 jun. 2021.
BRASIL. Lei n. 8.218, de 29 de agosto de 1991. Dispõe sobre Impostos e Contribuições Federais, Disciplina a Utilização de Cruzados Novos, e dá outras Providências. Brasília, DF: Casa Civil, 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8218.htm>. Acesso em: 24 jun. 2021.
BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil Brasileiro. Brasília, DF: Casa Civil, 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm>. Acesso em: 24 jun. 2021.
BRASIL. Lei 11.443, de 5 de janeiro de 2007. Dá nova redação aos arts. 95 e 96 da Lei no 4.504, de 30 de novembro de 1964, que dispõe sobre o Estatuto da Terra. Brasília, DF: Casa Civil, 2007. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11443.htm>. Acesso em: 24 jun. 2021.
BRASIL. Lei n. 11.718, de 20 de julho de 2008. Acrescenta artigo à Lei no 5.889, de 8 de junho de 1973, criando o contrato de trabalhador rural por pequeno prazo; estabelece normas transitórias sobre a aposentadoria do trabalhador rural; prorroga o prazo de contratação de financiamentos rurais de que trata o § 6º do art. 1º da Lei no 11.524, de 24 de setembro de 2007; e altera as Leis n. 8.171, de 17 de janeiro de 1991, 7.102, de 20 de junho de 1993, 9.017, de 30 de março de 1995, e 8.212 e 8.213, ambas de 24 de julho de 1991. Brasília, DF: Casa Civil, 2008. Disponível em: <https://legislacao.presidencia.gov.br/atos/?tipo=LEI&numero=11718&ano=2008&ato=cabkXQE5UNRpWTb0a>. Acesso em: 24 jun. 2021.
BRASIL. Ministério da Reforma e do Desenvolvimento Agrário. Lei n. 4.504, de 30 de novembro de 1964. Dispõe sobre o Estatuto da Terra e dá outras providências. Brasília, DF: MIRAD, 1985. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4504.htm>. Acesso em: 20 mar. 2021.
BORGES, P. T. Institutos Básicos do Direito Agrário. 4. ed. rev. e ampl. São Paulo: Saraiva, 1983.
BURANELLO, R. Manual do direito do agronegócio. São Paulo: Saraiva, 2013.
CASTRO, L. F. P. O arrendamento rural na agricultura familiar: dimensões e lógicas 2013. 198 f. Dissertação (Mestrado em Agronegócios) – Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade de Brasília, Brasília, 2013. Disponível em: <https://repositorio.unb.br/handle/10482/14696>. Acesso em: 13 mar. 2021.
CASTRO, L. F. P. Os contratos de arrendamento rural no Brasil: origens históricas e marcos jurídicos. Revista Brasileira de História do Direito, Brasília, v. 2, n. 1, p. 197-217, jan./jun. 2016. DOI: http://dx.doi.org/10.26668/IndexLawJournals/2526-009X/2016.v2i1.725
CASTRO, L. F. P.; HERSHAW, E.; SAUER, S. Estrangeirização e internacionalização de terras no Brasil: oportunidades para quem? Revista de Estudos Internacionais, Belo Horizonte, v. 5, n. 2, p. 74-102, 2017. DOI: https://doi.org/10.5752/P.2317-773X.2017v5n2p74
CASTRO, L. F. P.; SAUER, S. Marcos legais e a liberação para o investimento estrangeiro em terras no Brasil. In: MALUF, R. S.; FLEXOR, G. (org.). Questões agrárias, agrícolas e rurais: conjunturas e políticas públicas. Rio de Janeiro: E-papers, 2017. p. 12-19.
CAVALCANTI, M.; FERNANDES, B. M. Territorialização do agronegócio e concentração fundiária. Revista Nera, Presidente Prudente, ano 11, n. 13, p. 16-25, jul./dez. 2008. DOI: https://doi.org/10.47946/rnera.v0i13.1387
CLEMENTS, E. A. Brazilian Polices and Strategies for rural territorial development in Mozambique: South-South Cooperation and the case of ProSAVANA and PAA. 2015. 278 f. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Presidente Prudente, 2015. Disponível em: <http://www2.fct.unesp.br/nera/ltd/dissertacao_liz_2015.pdf>. Acesso em: 8 mar. 2021.
DEZEMONE, M. Do cativeiro a reforma agrária: colonato, direitos e conflitos (1872-1987). 2008. 296 f. Tese (Doutorado em História) – Programa de Pós-Graduação em História, Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro, 2008. Disponível em: <http://www2.fct.unesp.br/nera/ltd/dissertacao_liz_2015.pdf>. Acesso em: 13 mar. 2021.
GARCIA JR., A. A Sociologia rural no Brasil: entre escravos do passado e parceiros do futuro. Sociologias, Porto Alegre, ano 5, n. 10, p. 154-189, jul./dez. 2003. Disponível em: <https://www.scielo.br/pdf/soc/n10/18718.pdf>. Acesso em: 15 mar. 2021.
GUANZIROLI, C. et al. Agricultura Familiar e reforma agrária no século XXI. Rio de Janeiro: Garamond, 2001. 288 p.
GUEDES, A. C.; CAZELLA, A. A.; CAPELLESSO, A. J. O arrendamento de terras no Brasil: subsídios para políticas públicas. Grifos, Chapecó, v. 27, n. 44, p. 104-125, set. 2018. DOI: https://doi.org/10.22295/grifos.v26i44
HEREDIA, B.; PALMEIRA, M.; LEITE, S. P. Sociedade e economia do “agronegócio” no Brasil. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 25, n. 74, p. 159-176, out. 2010. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-69092010000300010
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Agropecuário 2006: Brasil, Grandes Regiões e Unidades da Federação. Rio de Janeiro: IBGE, 2009. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/51/agro_2006.pdf>. Acesso em: 30 mar. 2021.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Agropecuário 2017: Brasil, Grandes Regiões e Unidades da Federação. Rio de Janeiro: IBGE, 2018. Disponível em: <https://censos.ibge.gov.br/agro/2017/>. Acesso em: 30 mar. 2021.
INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária. Instrução Normativa Incra n. 88, de 13 de dezembro de 2017. Brasília: INCRA, 2017. Disponível em: <https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=353644>. Acesso em: 30 mar. 2021.
LOHN, R. L. Mitologias do desenvolvimento: extensão rural e modernização: o caso de Santa Catarina (décadas de 1950 e 1960). Revista Espaço Rural, Marechal Cândido Rondon, ano 9, n. 18, p. 9-17, set. 2008. Disponível em: <http://e-revista.unioeste.br/index.php/espacoplural/article/download/1630/1319>. Acesso em: 1 abr. 2021.
MARTINS, J. S. Os camponeses e a política no Brasil. Petrópolis: Vozes, 1981.
MATTEI, L. Impasses políticos atuais e principais tendências do processo de integração da América do Sul. Revista Brasileira de Estudos Latino-Americanos, Florianópolis, v. 8, p. 69-82, 2018. Disponível em: <https://iela.ufsc.br/rebela/revista/volume-8-numero-1-2018/rebela/revista/artigo/impasses-politicos-atuais-e-principais>. Acesso em: 2 abr. 2021.
MEIRELLES, J. O ser e o ter na codificação civil brasileira: do sujeito virtual à clausura patrimonial. In: FACHIN, L. E. (coord.). Repensando fundamentos do Direito Civil brasileiro contemporâneo. Rio de Janeiro: Renovar, 1988. p. 87-114.
MORAIS, M. N. de. Trabalhadores Rurais e Cidadania no Brasil - 1930-1964. Em Tempo de Histórias, Brasília, n. 19, ago./dez. 2011. DOI: https://doi.org/10.26512/emtempos.v0i19.19879
PLATA, L. E. Mercado de terras no Brasil: gênese, determinação de seus preços e políticas. 2001. 224 f. Tese (Doutorado em Economia) – Programa de Pós-Graduação em Economia, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2001. Disponível em: <http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/285564>. Acesso em: 10 abr. 2021.
POLI, L. C. Uma alternativa de acesso à terra: arrendamento rural pelos olhos do poder judiciário. Revista Jurídica Direito & Paz, Teresina, v. 1, n. 33, p. 194-208, 2015. Disponível em: <http://www4.unifsa.com.br/revista/index.php/fsa/article/view/614>. Acesso em: 3 abr. 2021.
POMMER SENN, A. V. Os contratos agrários atípicos no cumprimento da função social do imóvel rural. Cuiabá, 2012. (Apresentação de Trabalho/Congresso). Disponível em: <http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=fc452d063a72e082>. Acesso em: 16 abr. 2021.
RAMOS, H. M. B. Preempção ou preferência do arrendatário no caso de venda do imóvel rural arrendado. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 23, n. 5314, 18 jan. 2018. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/63503/preempcao-ou-preferencia-do-arrendatario-no-caso-de-venda-do-imovel-rural-arrendado>. Acesso em: 9 abr. 2021.
SAUER, S.; LEITE, A. Z. Medida Provisória 759: descaminhos da reforma agrária e legalização da grilagem de terras no Brasil. Retratos de Assentamentos, Araraquara, v. 20, n. 1, p. 14-40, 2017. DOI: https://doi.org/10.25059/2527-2594/retratosdeassentamentos/2017.v20i1.258
SAUER, S.; LEITE, S. P. Agrarian structure, foreign investment in land, and land prices in Brazil. The Journal of Peasant Studies, Abingdon, v. 39, n. 4, p. 873-898, maio 2012. DOI: https://doi.org/10.1080/03066150.2012.686492
SCHMITZ, A. P.; BITTENCOURT, M. V. L. O Estatuto da Terra no confronto do pensamento econômico: Roberto Campos versus Celso Furtado. Economia e Sociedade, Campinas, v. 23, n. 3 (52), p. 577-609, dez. 2014. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/ecos/a/LV9dbKSDPsdkLhdLrWpLbyJ/?format=pdf&lang=pt>. Acesso em: 2 abr. 2021.
SILVA, H. P. Nas margens viárias: as lonas pretas e as suas relações socioambientais. 2016. 150 f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente) – Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 2016. Disponível em: <https://ri.ufs.br/bitstream/riufs/4217/1/HAIANE_PESSOA_SILVA.pdf>. Acesso em: 2 abr. 2021.
STÉDILE, J. P. A questão agrária no Brasil I: O debate tradicional – 1500-1960. 2. ed. São Paulo: Expressão Popular, 2011. 304 p.
WANDERLEY, M. N. Raízes históricas do campesinato brasileiro. In: TEDESCO, J. C. (org.). Agricultura familiar: realidades e perspectivas. Passo Fundo: Universidade de Passo Fundo, 1999. p. 42-61.
Downloads
Published
Issue
Section
License
Copyright (c) 2021 Revista Grifos
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Estou ciente de que, em sendo aprovado, a publicação do artigo será no formato on-line no Portal de Periódicos da Unochapecó.
Também tenho ciência de que há autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
Do ponto de vista do Creative Commons, a Revista Grifos é de acesso aberto e irrestrito, porém não permitindo adaptações nos artigos, nem o uso comercial.
Sobre a licença Creative Commons: As licenças e instrumentos de direito de autor e de direitos conexos da Creative Commons forjam um equilíbrio no seio do ambiente tradicional “todos os direitos reservados” criado pelas legislações de direito de autor e de direitos conexos. Os nossos instrumentos fornecem a todos, desde criadores individuais até grandes empresas, uma forma padronizada de atribuir autorizações de direito de autor e de direitos conexos aos seus trabalhos criativos. Em conjunto, estes instrumentos e os seus utilizadores formam um corpo vasto e em crescimento de bens comuns digitais, um repositório de conteúdos que podem ser copiados, distribuídos, editados, remixados e utilizados para criar outros trabalhos, sempre dentro dos limites da legislação de direito de autor e de direitos conexos.
A Revista Grifos adota o sistema: Atribuição-SemDerivações-SemDerivados CC BY-NC-ND: Permite o download dos seus trabalhos e o compartilhemento desde que atribuam crédito, mas sem que possam alterá-los de nenhuma forma ou utilizá-los para fins comerciais.
- Autores concedem à revista o direito de publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution-NonCommercial License que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- A Política de Direito Autoral adotada está cadastrada no Diadorim <diadorim.ibict.br>.