Estudantes: Amanda Ferronato
Angélica Dezem
Darlei Lottermann
Professora responsável: Angélica Luersen
O Pró-Saúde, da Unochapecó, realiza viagens de estudos com objetivo de aproximar os alunos de temas trabalhados no ambiente acadêmico e, neste sentido, oportuniza que o estudante se torne protagonista do processo de formação ao levá-lo para além da perspectiva da sala de aula. Com este objetivo, no sábado, dia 7, estudantes dos cursos de Serviço Social e Jornalismo visitaram o Assentamento Conquista na Fronteira em Dionísio Cerqueira.
A programação contou com dois locais de visitação. O primeiro ponto de parada foi a Cooperativa de Produtores da Agricultura Familiar e Economia Solidária (CooperFlor), em Guarujá do Sul. A cooperativa iniciou em 2007 com um grupo de 17 famílias agricultoras. Atualmente são 169 famílias associadas, sendo que a principal fonte de renda dos agricultores é a leiteira.
Para chegar ao destino principal em Dionísio Cerqueira foram percorridos mais de 190 quilômetros. No assentamento, o grupo de estudantes e professores foi recebido por Markos Antonio Dreyier, de 60 anos, sendo 27 deles no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
A primeira ocupação do movimento ocorreu em 25 de maio de 1985. Com 60 famílias assentadas, o local tem um total de 1198 hectares e é dividida em núcleos de base que desempenham determinadas culturas, como apicultura, avicultura, horticultura, grãos, ave postura e pomar.
O militante lembra que o processo de assentamento gerou incertezas, pois a sociedade via o movimento como perigoso e baderneiro. “A gente era visto como gente perigosa. Os únicos que nos apoiavam era um padre e um técnico da Epagri que até hoje nos acompanha”.
Dreyier destaca que o assentamento adota uma política de convivência, com direitos e deveres aos assentados. As decisões são debatidas em assembleia com as lideranças dos núcleos de base. O assentamento tem como prioridade manter as crianças na escola, sendo que o Ensino Fundamental é cursado no MST e o Ensino Médio na cidade.
A acadêmica do oitavo período do curso de Serviço Social, Charline Trierveiler almejava participar de viagens como essa desde o inicio da faculdade. Mas foi apenas com a disciplina de Movimentos Sociais e Processos Participativos que pode realizar esse desejo. Charline ressalta que “a visita auxiliou a visualizar na prática o que estudamos no decorrer do semestre e em outras disciplinas”. Ela acredita também que “serviu para romper preconceitos e gerar admiração pela organização, coragem e força que o movimento tem”.
As primeiras visitas
Aos poucos as primeiras caravanas bateram a porta do assentamento, a primeira foi em 1989 com um grupo de estudantes. “No começo nós rezava para que as pessoas viessem nos visitar para divulgar o nosso trabalho”, acrescenta Dreyier.
Hoje, o Assentamento Conquista na Fronteira recebe com frequência visita de estudantes e professores que buscam conhecimento e trocas de experiência. “Para nós isso é muito importante, pois através das pessoas que nos visitam, a gente mostra as coisas boas daqui”, ressalta o assentado.
Ele afirma que os meios de comunicação não representam o movimento, pois abordam apenas aspectos negativos do MST. “Os veículos de comunicação só mostram quando o movimento está brigando com a polícia, mas a visão das pessoas está mudando, não pela mídia, mas pelas pessoas que vem aqui”.
Angélica Dezem, acadêmica do quarto período do curso de Jornalismo, compactua com a visão de Dreyier sobre os veículos de comunicação. Para ela, “é preciso desconstruir a imagem negativa que os movimentos sociais carregam em si, principalmente por influencia das grandes mídias”. Esse tipo de atividade tem contribuído na formação dos acadêmicos de Jornalismo através do contato com realidades que muitas vezes é desconhecida. Dessa maneira, torna-se possível agregar conhecimentos nos múltiplos espaços que são oferecidos na graduação tornando o estudante apto a trabalhar em harmonia nesses ambientes. “Me sinto renovada a cada partilha de vivência, e no jornalismo essa apropriação e familiarização é essencial para aprender a tornar humana as histórias cotidianas”, ressalta Angelica.