O Plano de Mobilidade Urbana (lei ordinária municipal n.6.847/2016), apresentado à comunidade em Audiência Pública na quinta-feira (22) pelo governo municipal, estabelece como meta o aumento do fluxo contínuo de automóveis em 30% e a diminuição em 10% do tempo gasto no deslocamento no centro da cidade pelos próximos dez anos. As necessidades de melhoria da mobilidade urbana e o novo edital do transporte coletivo pautaram a discussão conduzida pelo prefeito de Chapecó, Luciano Bulligon.
A principal mudança no trânsito de Chapecó será a implantação do sistema binário, que implementa as vias de mão única com fluxo de trânsito em sentidos opostos. A proposta é que nas avenidas Nereu Ramos, Fernando Machado e nas ruas São Pedro e Lauro Müller os veículos passem a trafegar em um só sentido.. O objetivo é ampliar a segurança e circulação de veículos e pedestres e melhorar a fluidez do tráfego.
O plano de mobilidade foi elaborado por técnicos do Laboratório de Transportes e Logística da UFSC (Labtrans). A proposta da alteração no trânsito de Chapecó foi apresentada durante a audiência pública pelo técnico Victor Marques Caldeira, que falou sobre a necessidade da implantação do plano. “Chapecó se depara com uma problemática clássica do desenvolvimento urbano, observa-se um fluxo elevado nas vias, dificuldade das pessoas que não tem um automóvel para se deslocar e apresenta um conflito de espaço viário”. Ele explica que foi realizado um diagnóstico na cidade a partir da percepção dos habitantes, e se tirou um retrato da atual mobilidade de Chapecó, que necessita de melhorias nas vias e espaço público.
Transporte Coletivo Urbano
O sistema de transporte coletivo de Chapecó é composto por 23 linhas, que merecem atenção em questões de infraestrutura e de acessibilidade. Usuários criticam a estrutura dos pontos de ônibus, falta de informações, mapas nas linhas, e a dificuldade que cadeirantes e pessoas com alguma deficiência encontram para utilizar o transporte.
O usuário do transporte público há nove anos, Paulo Cesar Martins, que mora no bairro Eldorado, ficou cadeirante quando sofreu um acidente de ônibus. Ele conta que hoje o transporte está melhor, as duas concessões possuem elevador, mas que esses frequentemente apresentam algum problema. “Como a cidade está mais acessível, temos a dificuldade de duas pessoas com deficiência esperar o mesmo ônibus e ele só leva uma”, destaca. Paulo já precisou esperar cerca de três horas por um ônibus acessível e que muitas vezes não passa no seu bairro, principalmente aos finais de semana.
No ano de 2016 uma média de 930 mil passageiros utilizaram mensalmente o transporte coletivo urbano de Chapecó. Durante todo o ano foram mais de 11 milhões de passageiros. Do total mencionado, 69% dos usuários pagaram pela passagem inteira sendo que 57% utilizaram o cartão de vale-transporte. Os 31% restantes receberam algum benefício como gratuidade ou desconto. Nesta categoria entram estudantes, idosos, pessoas com deficiência e seus acompanhantes.
Do edital
A audiência pública para apresentação do transporte público foi realizada, segundo o prefeito, a fim de buscar opiniões e soluções para as questões abordadas no edital. Ele acrescenta que o projeto é fundamentado em iniciativas já validadas “nos baseamos em estudos técnicos e cópias de processos licitatórios, de cidades como Blumenau, Curitiba, São Paulo, e cidades europeias”.
Entretanto, o edital que está em elaboração não foi apresentado à comunidade durante a audiência. Fato que gerou dúvidas em relação ao conteúdo do mesmo e que foi questionado pela vereadora Marcilei Vignatti. “Nós esperávamos que o edital fosse apresentado hoje na audiência. É necessário analisar com atenção o serviço que será prestado daqui em diante”.
Segundo o prefeito, todas as sugestões da comunidade como melhorias na acessibilidade, condições dos abrigos, valor da tarifa e a qualidade do serviço serão avaliadas. O próximo passo é analisar as propostas e finalizar o edital para a publicação e homologação. A partir deste método é estabelecido um contrato entre empresa e município que licitará o sistema de transporte coletivo urbano.
Para a vereadora Marcilei Vignatti é necessário analisar com atenção o projeto elaborado para o edital não ser cancelado pelo Ministério Público, por apresentar problemas. “Não é pouco o que aconteceu com o transporte coletivo de Chapecó. Nós estamos em uma situação de precariedade, ele já foi judicializado e teve cancelamento de editais e nesse tempo, os usuários é que sofrem”, alertou.
Texto: Paula Taffarel Benetti e Valéria Cenci