A PERCEPÇÃO DO COTIDIANO DA AGRICULTURA FAMILIAR 30 ANOS APÓS DESLOCAMENTO COMPULSÓRIO PELA BARRAGEM DE ITAPARICA
DOI:
https://doi.org/10.22295/grifos.v32i60.7067Palavras-chave:
Agricultura familiar, Impactos socioeconômicos, Piscicultura, Programa Reassentamento Itaparica. Ruptura cultural.Resumo
Considerando que a percepção e interesses de comunidades compulsoriamente deslocadas orientam a adaptação aos programas de compensação aplicados, procuramos descrever a percepção atual da população impactada em Petrolândia/PE, pela barragem hidroelétrica de Itaparica, a fim de problematizar os fatos vivenciados pela agricultura familiar, sua repactuação da reprodução e troca de saberes. As percepções foram captadas em momentos participativos com a comunidade, por meio da identificação dos atingidos sobre os impactos e os reflexos decorrentes do deslocamento, programa de compensação e reorganização socioeconômica. Três décadas depois, os atingidos julgam que houve melhoria na qualidade de vida, mesmo com mudanças no modelo produtivo da família, onde as ações compensatórias permitiram a permanência do cotidiano familiar no território. O reconhecimento por atingidos dar-se pela migração do território original, que é amenizada com a construção e adaptação de saberes empíricos no novo território. A adequação ao novo cotidiano parte da valorização e utilização dos saberes-fazeres tradicionais, a partir da manutenção da relação família-terra-trabalho. A piscicultura praticada como compensação contextualizada acomoda o cotidiano, fomentando vínculos de produção, aproveitamento e consumo de pescados, mitigando as persistentes cicatrizes do deslocamento.
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