Gio compartilha sua experiência na liderança de movimentos políticos e sociais
Produção: Luana Poletto | Supervisão: Eliane Taffarel
Cada vez mais torna-se importante a presença dos jovens em espaços políticos e movimentos sociais. O envolvimento e as atitudes tomadas desde a adolescência, refletem no país que cada um quer construir. Os jovens estudantes precisam mostrar sua força, sua voz, e a vontade que possuem de lutar por um mundo melhor. O incentivo e a conscientização para isso são essenciais. Na sociedade atual, há quem busca se politizar, liderar e trazer mais pessoas para os movimentos. É o caso do Gio, e hoje a história é sobre ele.
Jovens protagonistas
Gio Parisotto tem 17 anos e é estudante do Ensino Médio, técnico em Informática, no Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), em Chapecó. O que inspira o jovem e o faz seguir na luta pelos estudantes, pela cidade e pelo país é a paixão pela arte, poesia e dança. Além disso, no seu tempo livre, ele também gosta muito de escrever e rimar. De modo geral, aprecia tudo que envolva cultura.
Gio é o presidente da União da Juventude Socialista de Chapecó (UJS) e diretor da União Municipal dos Estudantes Secundaristas (UMES). Atua também no Grêmio Estudantil do IFSC, Grêmio Integrar – Antonieta de Barros.
“Ser presidente significa coordenar, organizar, mas principalmente saber ouvir as demandas da juventude e usar estratégia, usar teoria para concretizar os nossos sonhos. Eu amo isso. Eu amo ser presidente, amo ser dirigente, amo ser dirigido. É algo muito importante para mim essa coletividade, tanto para o meu pessoal quanto para o meu desenvolvimento no trabalho. Ser participante, ser liderança de movimentos sociais é uma formação pessoal, política, e profissional o tempo inteiro. Então isso é muito bom, só me agrega, é algo extremamente positivo que aquece meu coração e alimenta a minha esperança. Então é muito esforço, muita dedicação, muita disciplina, mas também muito amor, porque o coletivo traz amor e isso é muito importante na luta por dias melhores”.
Enquanto atuante nas causas sociais e movimentos políticos, Gio conta que desde sempre, principalmente no Brasil, a juventude lutou por melhores condições de vida, pela reivindicação de espaços políticos, para ter o direito à fala e o direito de ser ouvida. “Então com certeza não é um governo como esse que vai nos parar. Um governo que faz alusão a ditadura, que faz ameaças ao povo e não apenas a juventude, não vai ser ele que vai nos parar. É justamente essa necessidade de organização política, essa necessidade de coletividade que a juventude tem, é que vai fazer a gente barrar esse governo que não pensa nos jovens, que só pensa em destruição, e que vai nos fazer evoluir, melhorar e mudar o nosso país do jeito que nós queremos”, salienta.
O jovem acredita que tudo é político, inclusive ações do dia a dia, como o fato de sair de casa, ir ao supermercado, ter uma escola, ter alimento.
“Com certeza a política é capaz de mudar toda essa situação que nós estamos vivendo, é capaz de melhorar ou piorar a nossa situação, a nossa qualidade de vida. Por isso que inclusive a UJS trabalha bastante com o protagonismo dos jovens na política, porque os jovens são os que mais tem essa vontade, essa garra por mudar o mundo, por mudar a realidade, são os que mais tem energia para pensar, para fazer estratégias, para organizar e para realmente concretizar os nossos objetivos, os nossos pensamentos, que normalmente ficam só no papel. A juventude tem essa capacidade de colocar a mão na massa, e isso é muito importante para o nosso país”.
De acordo com Gio, durante a pandemia de Covid-19, a principal luta dos Estudantes Secundaristas é a luta pela vida. Se manter saudável, estável, com comida no prato, e ao mesmo tempo, estar acompanhando as aulas. “A lógica dos Secundaristas funciona da seguinte forma: nós precisamos estudar para conseguir um emprego melhor, para conseguir entrar em uma universidade, para se formar, para ter uma vida e dar um futuro para a família, mas ao mesmo tempo que eu preciso disso eu preciso trabalhar para colocar comida na mesa, para ajudar a minha família. Então a maior dificuldade dos estudantes não é nem acompanhar as aulas, é acompanhar a rotina. É algo bem complicado, cada vez há mais dificuldades em se manter. O preço, o custo de vida está aumentando, é muito desemprego, muita falta de amparo, mas realmente o maior problema dos estudantes é sobreviver com saúde”, destaca.
O Grêmio Integrar – Antonieta de Barros, em que Gio atua, já foi considerado pela União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), o terceiro Grêmio Estudantil mais ativo do Brasil. Todo o histórico de atuação e de organização dos jovens envolve não só a própria instituição de ensino, mas toda a comunidade. “O Grêmio está ali para dar suporte, para ouvir os estudantes, para colocar a mão na massa realmente das nossas ideias, dos nossos projetos, do que a gente idealiza para uma universidade melhor, para uma instituição melhor, então o Grêmio Estudantil é para isso. Para ser a voz do estudante perante a coordenação, perante uma reitoria que não respeita”, comenta.
Gio também conta a luta por democracia dentro do IFSC. Ele relata que, por dois anos, o reitor nomeado, que ele chama de interventor, atuou mesmo não sendo o candidato escolhido na eleição. Recentemente, pela luta do Grêmio Estudantil, das instituições e dos movimentos sociais, os jovens conseguiram derrubá-lo. “Depois de quase dois anos de pandemia, o reitor eleito pelos estudantes tomou posse, e agora os estudantes do Instituto Federal têm a capacidade de serem representados. E os estudantes que estavam com dificuldades por estarem sem material, sem internet, sem disposição para fazer as aulas, agora tem alguém que realmente é democrático, que defende os estudantes e que pensa com a gente. Essa foi uma grande conquista do Grêmio de várias organizações, de toda Santa Catarina e do Brasil também, para conquistar esse direito dos estudantes, e a base de tudo isso foi na organização dentro de cada escola, que é o Grêmio Estudantil”, salienta.
O Brasil que eu quero
Para Gio, o primeiro passo para conscientizar e politizar a juventude é ouvir. Conhecer as realidades de cada um, conversar e apresentar que em conjunto é possível buscar uma alternativa, uma solução para os problemas. “Se você parar para pensar, todos os nossos problemas podem ter algo em comum, uma origem em comum, e nós enquanto juventude organizada buscamos isso, essa origem e vamos combater ela. Isso é o que nós fazemos, é o que nós precisamos entender e mostrar para a juventude, mostrar para a população. E junto disso nós vamos construir o Brasil que nós queremos, um Brasil com qualidade de vida, em que toda a juventude e toda a população tenha acesso a uma alimentação de qualidade, a uma educação pública de qualidade, que tenha o direito de estudar, o direito de ser livre, de ser respeitado. Acho que é o básico, saúde e educação. É vida, pão, vacina e educação, esse é o Brasil que eu quero”, finaliza.
Cidadãos do Futuro
O projeto “Cidadãos do Futuro” foi organizado pelo curso de Jornalismo da Unochapecó. O objetivo é levantar pautas para a produção de interesses do público jovem que visa discutir temas de impacto social, trazendo uma visão crítica sobre o futuro da sociedade.
Foi elaborado um formulário destinado aos estudantes do Ensino Médio do entorno da Região de Chapecó (Oeste de Santa Catarina, Norte do Rio Grande do Sul e Sudoeste do Paraná). A intenção é identificar o protagonismo desses estudantes na luta por causas sociais, de empoderamento e defesa da democracia. Além disso, contar essas histórias quando eles optam por deixar seu contato e o projeto em que estão envolvidos. Se você é jovem e se interessou pelo Cidadãos do Futuro, clique aqui e responda nosso questionário.