Por Angela Bueno*
Os números de casos e mortes pelo novo coronavírus não param de subir no Brasil. Para sensibilizar as pessoas sobre a gravidade da doença, a jornalista Juliana Giongo publicou em suas redes sociais, no dia 23 de fevereiro de 2021, um relato em vídeo de quem viveu as dores deste vírus em um dos piores momentos da pandemia.
Com a duração de quatro minutos e vinte segundos, Juliana narra como foi o desenvolvimento do vírus e o que ela sentiu ao decorrer dos dias até sua recuperação.
A jornalista não precisou de internação, mas passou por sérias dificuldades em casa. “Fiquei imaginando quantas pessoas assim como eu, não estavam sendo citadas ou não estavam nas referências, nas estatísticas, mas que mesmo assim tinham sofrido muito”.
A força psicológica da doença
Ao narrar sua difícil experiência com a covid, Juliana emociona-se ao contar sobre as dores ao não conseguir atender as necessidades básicas da sua filha de cinco anos durante os dias que esteve mal por conta da Covid-19.
No caso dela, a dor psicológica da doença sobressaiu-se em relação à dor física. “Eu não conseguia levantar da cama, então para mim o fator psicológico teve um impacto muito agressivo, diria que até mais agressivo que a doença.” completa a jornalista.
Ao longo dos dias em recuperação, com fortes dores pelo corpo e mal-estar, Juliana conta sobre a vivência com sua filha e a preocupação pelo fato de não conseguir auxiliar a criança em algumas de suas atividades. “Quem é pai quem é mãe sabe o que isso significa, o que um filho significa, então a gente quer fazer tudo por eles. Esse impacto psicológico realmente é grande”, analisa Juliana.
A filha da jornalista não adoeceu e não apresentou nenhum sintoma. “Fiz o teste nela nos primeiros dias e deu negativo, eu tinha medo de passar o vírus para ela e para outras pessoas também”, destaca Juliana.
A menina lidou bem com toda a situação. “Talvez a criança nem tenha a dimensão do que aconteceu, então ela ficou assistindo TV, ficou comendo, pegava as coisas na geladeira sozinha, ela conseguia”, narra Juliana.
As sequelas psicológicas foram comprovadas em pesquisa realizada pela Universidade de Oxford, nos Estados Unidos. Os cientistas observaram que 18% dos recuperados receberam um diagnóstico psiquiátrico em um período de três meses após contraírem a doença e tornam-se mais propensos a desenvolver depressão ou ansiedade. Ao todo foram observados os registros médicos de 69 milhões de pessoas nos EUA entre janeiro e agosto de 2020.
O pior momento da pandemia
Juliana foi afetada com o vírus em um dos momentos mais críticos da pandemia no Oeste Catarinense. Chapecó foi uma das primeiras cidades de Santa Catarina onde houve o colapso no sistema de saúde por conta da falta de leitos hospitalares.
Na terceira semana de fevereiro, quando a jornalista apresentou os primeiros sintomas da doença, a cidade do oeste passou por um novo lockdown, com duração de 14 dias. O primeiro confinamento ocorreu no início na pandemia, em março do ano passado, quando o prefeito na época era Luciano Buligon.
Após a recuperação, a jornalista ficou ainda mais cautelosa com a doença. “Passei a ter muito mais medo e muito mais cuidados. Inclusive quando a gente fala de morte a gente está falando de situações extremas, então sabia que não era brincadeira”.
Ensinamentos e os próximos passos
Ninguém sabe ao certo quando a pandemia irá despedir-se do cotidiano da população. Porém, Juliana fala sobre a falta de rotina em seu dia a dia e o quanto ela é importante para estruturar a vida das pessoas.
Durante esse período, ela sente a falta de um planejamento, pois não há uma rotina para poder programar-se para os dias seguintes. “Por exemplo, não ir para o trabalho ou trabalhar alguns dias em home office, crianças hora estão na escola, hora não estão. Hora você pode se programar para alguma coisa, hora já não tem programação nenhuma”, desabafa Juliana.
Para a jornalista, a pandemia vai deixar ensinamentos para valorizar mais os momentos com as pessoas que amamos e a oportunidade de mudanças. “Eu não tenho dúvidas que vamos ter uma grande transformação e talvez agora nós estamos no meio disso tudo, no olho do furacão, e a gente não tenha dimensão de tanta transformação e tanta mudança que estamos passando”, finaliza Juliana.
(*) Com orientação do professor Hygino Vasconcellos