Atos contra a reforma da Previdência são realizados em Chapecó/SC

Atos contra a reforma da Previdência são realizados em Chapecó/SC

Manifestantes caminharam pela Avenida Getúlio Vargas em Chapecó em ato contra a reforma da Previdência (Fotos: Briann Ziarescki)

 

Por Briann Ziarescki e Laura Fiori 

“O governo trata o funcionalismo público como um bando de privilegiados, e nós não somos. Nós estamos com a maioria dos trabalhadores com carteira assinada neste país. Vamos sofrer e vamos ter que pagar essa conta da Previdência, que é dos grandes devedores e não dos trabalhadores”, afirma Gherly Ranzan, diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente (Sintaema).

O Sintaema foi uma das mais de 30 entidades envolvidas na organização da Greve Geral do dia 14 de junho de 2019, em Chapecó/SC, promovida contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 006/2019 que estabelece normas para a reforma da Previdência Social. A paralisação movimentou milhares de pessoas em todas as regiões do país. Na capital do Oeste catarinense, durante a manhã, a manifestação se concentrou na Praça Coronel Ernesto Bertaso, no centro da cidade.

De acordo com os organizadores do ato unificado, duas mil pessoas marcharam pela principal avenida de Chapecó. Durante a caminhada houve momentos de tensão, quando motoristas impacientes tentaram atravessar o bloqueio criado pelos manifestantes.

No período da tarde, foi realizada uma aula pública na praça central com o objetivo de explicar à população sobre os perigos que a reforma da Previdência trará para a classe trabalhadora. Para a coordenadora do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinte), Elizabeth (Zigue) Timm, a reforma irá afetar os trabalhadores mais pobres, que recebem um ou dois salários mínimos. “A reforma retira conquistas históricas nossas, por isso a gente está na rua. Pra dizer não a essa reforma”, ressalta.

O coordenador da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura Familiar de Santa Catarina (Fetraf), Alexandre Bergamin, destacou que a Avenida Getúlio Vargas é, de certa forma, um espaço democrático que a sociedade faz suas reivindicações. “A nova Previdência como eles estão falando, vai excluir milhares e milhares, ou quem sabe milhões de trabalhadores, quando eles não conseguirem mais trabalhar. Então nossa defesa é essa, de que não se aprove essa reforma”, complementa.

À tarde, um dos atos se concentrou em frente à BRF, no bairro Efapi

 

Ainda na tarde do dia 14, outro ato ocorreu em frente a BRF – Brasil Foods, agroindústria que emprega mais de mil trabalhadores na cidade. Os manifestantes fecharam os dois lados da Avenida Senador Atílio Fontana que liga o centro de Chapecó ao maior bairro da cidade, o Efapi. O tráfego foi liberado em determinados momentos devido a necessidade de ambulâncias e caminhões com carga viva de animais transitarem pela via.

Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e do Material Elétrico (Stimme) de Chapecó, Fernando de Oliveira, a reforma apresentada é ruim para todos os trabalhadores brasileiros. “Não vejo como uma forma de melhoria e também não vejo como uma forma de cortar privilégios. Quem mais será prejudicado são os trabalhadores assalariados, que são as pessoas que realmente fazem a economia girar”, afirma.

O Sindicato dos Trabalhadores Domésticos de Chapecó e Região – Sintradom, também esteve presente na Greve Geral. A presidente do sindicato em Chapecó, Leandra Lacerda, relembra que a categoria foi a última a conseguir os direitos, com a Lei Complementar 150 de 2015. “A gente mal usufruiu dos nossos direitos e aí agora o governo quer tirar”, afirma. Leandra ressalta as dificuldades das domésticas, especialmente pela informalidade, já que a maioria trabalha como diarista. “A gente está trabalhando com a conscientização, fazendo reuniões para repercutir essa questão da Previdência, porque somos as que mais perdemos”, frisa.

Para o coordenador da Fetraf, Alexandre, o atual texto da reforma afeta os trabalhadores da região e do país em dois pontos principais. “Primeiro na vida das pessoas. Esse é o principal fator, quando você acaba com a previdência social e cria a capitalização. O segundo é a economia. As alterações afetam o comércio, a agropecuária, a farmácia, a loja, enfim. Quando você tira uma parte do dinheiro de circulação, automaticamente o reflexo também vai se dar no setor econômico”, salienta.

De acordo com Alexandre, além de Chapecó, outros municípios vizinhos realizaram atos, como Xanxerê, Concórdia, São Domingos, São Carlos e Pinhalzinho. Para ele, os movimentos são fundamentais na luta por direitos. “É importante fazer greve e manifestação no maior número de cidades possível, mais próximo dos trabalhadores e trabalhadoras”, finaliza.

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