A jovem compartilha sua história desde o início do interesse em participar dos movimentos sociais e estudantis
Produção: Luana Poletto | Supervisão: Eliane Taffarel
Os jovens têm a força e o poder de lutar por uma sociedade melhor. Em meio ao fácil acesso à informação, torna-se necessário que, cada vez mais, estes busquem compreender conceitos e participem da vida política e social do país. Os movimentos estudantis existem para dar espaço aos jovens estudantes mostrarem sua voz e expressarem os desejos em busca de melhorias dentro da própria escola, bem como no mundo em geral.
Jovens protagonistas
Laura Lopes da Silva tem 17 anos e é estudante do 3º ano do Ensino Médio, em Chapecó. A jovem gosta muito de ler e escrever, inclusive possui uma grande coleção de livros. Seus planos para o futuro envolvem cursar licenciatura em História e atuar como professora.
A estudante relata que entrou no movimento estudantil no primeiro ano do Ensino Médio, pois admirava todas as atividades que o Grêmio Estudantil da escola realizava. “Eu comecei a ter interesse em participar do Grêmio a partir dos eventos culturais que eles faziam na escola, aí eu fui atrás. Conheci o pessoal que fazia parte da chapa, me interessei e comecei a gostar”, conta.
Laura se aproximou da União Municipal dos Estudantes (UMES) e começou a organizar uma chapa para as eleições do Grêmio Estudantil. Foi quando iniciou a pandemia de Covid-19, e, com isso, não foi possível realizar a ideia, que foi deixada de lado por um tempo. Quando ela e os demais colegas perceberam que as aulas iriam demorar para retornar presencialmente, decidiram dar início aos projetos que pretendiam realizar durante a gestão. Ela fala sobre o Conhecer para Lutar, criado com a intenção de ajudar outros alunos nos estudos durante a quarentena, já que o momento era de incerteza e as escolas não estavam preparadas para auxiliar os estudantes, por isso buscaram alunos de diferentes escolas para que isso fosse construído em conjunto.
“A gente criou esse projeto para auxiliar os alunos porque na época estávamos bem perdidos do que ia acontecer dali para frente. Nossa escola não estava se movimentando muito para auxiliar os alunos nos estudos, então a gente decidiu que seria legal criar uma rede de alunos que pudéssemos nos ajudar, e essa ideia partiu de uma conversa entre três amigos, a gente conseguiu dar um pontapé para o início do projeto”, conta.
Ela explica que juntos, criaram resumos com conteúdos sobre História, Português e Matemática para auxiliar os estudantes. Com isso, perceberam um grande aumento no número de seguidores nas redes sociais e atingiram um bom alcance com esses materiais. “Então a gente percebeu que as pessoas se interessaram mais quando começamos a criar conteúdo para auxiliar nos estudos. Nós chegamos a conversar com professores de outras escolas, alunos de outras escolas também estavam participando. A gente percebeu que estudantes da nossa escola estavam marcando os amigos para ver, tentávamos criar posts para incentivar eles a querer estudar de alguma forma mais descontraída também, para que fosse mais fácil”, salienta.
O Coletivo Religare surgiu então a partir da ideia da criação de uma chapa para concorrer ao Grêmio Estudantil. Hoje, o grupo se dedica a comunicação entre entre estudantes, para ajudar em projetos criados em dedicação à educação, muitos deles juntamente com a União da Juventude Socialista de Chapecó (UJS), da qual alguns membros atuais fazem parte. “Entre os futuros projetos estão a expansão do Conhecer para Lutar e a criação de um podcast do coletivo, para que seja possível dar voz aos estudantes incríveis que conhecemos durante esse tempo e assim possamos fazer com que nosso coletivo alcance mais pessoas e possamos ganhar força”, explica Laura.
“Tanto o Conhecer para Lutar quanto o Religare, tem o objetivo de incentivar o aluno a estudar cada vez mais e também se apaixonar pela escola da mesma forma que a gente é apaixonado ao ponto de fazer um trabalho voluntário, mesmo que a gente não seja do Grêmio, para poder criar projetos, fazer isso pelo amor a escola”.
Sobre o projeto do podcast, Laura acredita que já existem esses canais de outros lugares, que falam sobre o movimento estudantil, além de professores que repassam conhecimento e de alunos que fazem o próprio trabalho. “Mas aqui na nossa região a gente não tem esse espaço e seria legal se pudéssemos juntar todas as escolas de Chapecó, poder fazer uma troca de ideias, incentivar cada vez mais os alunos a expor a sua própria opinião. Eu acho que assim a gente conseguiria incentivar tanto o pensamento crítico deles, quanto a vontade de mudar as coisas e expor as ideias”, destaca.
Para a jovem, a maior dificuldade dos alunos para se expressar livremente é o fato de não ter um espaço ocupado por eles. Ela frisa que, muitas vezes quando os estudantes vão falar em podcasts, por exemplo, onde há professores e pessoas que já estão em formação superior, eles costumam não querer se expressar em função disso. “Seria muito legal então se a gente criasse essa rede de alunos do Ensino Médio de toda a região de Chapecó, que pudessem debater assuntos que viram na aula e acharam interessantes, como acontece às vezes na aula de Filosofia, que se criam debates. Essa seria a intenção principal”, explica.
Incentivo a cultura
Laura destaca também a importância da criação de projetos culturais e o impacto disso na vida de quem participa.
“Eu acho que assim como funcionou comigo, poderia funcionar com outras pessoas. Os projetos e a cultura têm um impacto muito grande na nossa vida e a gente gosta de participar dela, então a melhor forma é criando eventos mais descontraídos nas escolas que envolvam os alunos. Um exemplo de um projeto seria o incentivo à leitura, dando espaço para os próprios alunos escreverem seus livros e entrarem em uma competição, com que o intuito final fosse criar uma peça teatral sobre o que eles escreveram e isso seria apresentado em um teatro municipal. Acho que isso incentivaria o aluno duas vezes, a participar do movimento estudantil e lutar pelas causas sociais, e também incentivaria a ler e escrever”.
A jovem finaliza citando seu sonho de se formar e ser professora. “Nesse tempo que eu participei do movimento estudantil, por mais que seja meu último ano como secundarista, eu me apaixonei pela escola. Eu sou definitivamente apaixonada por ela, e eu pretendo seguir isso pelo resto da minha vida, eu quero estar em um ambiente escolar depois de me formar. Então o movimento estudantil foi muito importante para mim, eu decidi minha profissão a partir dele”, salienta.