Nossa primeira história, a da Érica, fala do projeto em que ela está inserida: a democratização da arte
Produção: Luana Poletto | Supervisão: Eliane Taffarel
A atuação dos jovens em causas sociais se faz bastante relevante e acontece de maneira diversa atualmente. O processo de sensibilização das pessoas, a partir das suas realidades e perspectivas locais, é importante para buscar mudanças e melhorias. Além disso, é enriquecedor que mais indivíduos com outras visões e ideias participem de debates. Com o objetivo de levantar pautas para a produção de interesses do público jovem que visa discutir temas de impacto social, trazendo uma visão crítica sobre o futuro da sociedade, o curso de Jornalismo da Unochapecó organizou o projeto “Cidadãos do Futuro”.
O primeiro passo foi a elaboração de um formulário destinado aos estudantes do Ensino Médio do entorno da Região de Chapecó (Oeste de Santa Catarina, Norte do Rio Grande do Sul e Sudoeste do Paraná). A intenção é identificar o protagonismo desses estudantes na luta por causas sociais, de empoderamento e defesa da democracia e também de contar essas histórias quando eles decidem deixar seu contato e o projeto em que estão envolvidos. As histórias desses jovens, dos projetos e os temas em que eles estão interessados, você acompanha quinzenalmente a partir de hoje, aqui na Clim.
Se você é jovem e se interessou pelo Cidadãos do Futuro, clique aqui e responda nosso questionário.
Jovens protagonistas
Érica Maria Zucchi tem 17 anos e reside no município de Concórdia, Santa Catarina. Ela estuda no terceiro ano do curso Técnico em Alimentos integrado ao Ensino Médio, no Instituto Federal Catarinense, campus Concórdia. Entre seus hobbies, destaca-se ler e escrever. Além disso, a jovem pratica ukulele e gosta muito de arte, tanto de estudar como apreciar. Seus planos para o futuro envolvem a aprovação no curso de Ciência e Tecnologia dos Alimentos na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), mas ela ainda está em dúvidas quanto às decisões sobre a carreira que pretende seguir.
Érica sempre foi muito interessada em causas sociais e desde cedo buscou compreender a importância delas. O processo de estudo e aprendizado é constante, mas a jovem possui a consciência de que faz parte de algumas minorias e, em alguns quesitos, não faz parte de outras. Apesar disso, acredita que é importante lutar por estas causas para que possa evoluir como pessoa e para a sociedade evoluir como um todo.
Ela destaca que a presença e envolvimento dos jovens em causas sociais é relevante pois é uma forma de ter uma visão de mudança. “Eu vejo que existem muitos pontos pelos quais a sociedade precisa evoluir. A gente não pode pensar em um âmbito pessoal, individualista, porque se a sociedade evolui como um todo, a gente vai estar também se beneficiando disso”, Érica salienta.
“Pela arte me expresso”
Desde o surgimento, a arte tem evoluído e, cada vez mais, ocupa um espaço importante na sociedade. Algumas representações artísticas são indispensáveis para determinadas pessoas. Érica comenta que ela se encontra na arte, e que esta significa expressão. A jovem conta que durante a pandemia de Covid-19, fez algumas reflexões e entre elas, sobre como a arte está presente na vida e no cotidiano. Além disso, de como ela serve de refúgio nos momentos difíceis, principalmente na realidade atual em que há muitas notícias ruins.
“Eu gosto muito de uma frase do Friedrich Nietzsche que diz que nós temos a arte para não morrer da verdade, então eu ressignifiquei muito o sentido da arte na pandemia e descobri que ela está muito atrelada na minha vida e também na vida de muitas pessoas, e que ela é muito relevante para a nossa caminhada, para as nossas escolhas”
Érica faz parte de um projeto de extensão no Instituto Federal Catarinense (IFC), de Concórdia, chamado Museus Virtuais IFC. O objetivo deste é democratizar e apresentar a arte para as pessoas, não somente dentro do campus, mas também para outros lugares. Além disso, fazer com que elas se sintam merecedoras da arte e que possam ter acesso a ela e compreender sua importância. São realizadas visitas virtuais a museus, sempre com um tema central.
O trabalho continua sendo realizado durante a pandemia, com adaptações, através de mini sessões e vídeos postados nas mídias sociais (Facebook e Instagram), o que, de acordo com a estudante, tem possibilitado atingir um público maior, inclusive pessoas de outros estados. Ela também comenta que a temática abordada foi a própria pandemia. “Nós trabalhamos com obras antagonistas. Primeiramente a gente apresentava um cenário um pouco mais triste, relacionando alguma obra com a pandemia, e depois a gente apresentava uma obra que nos trazia esperança de que é possível sair desta situação difícil que nós estamos vivendo”, conta.
Conscientização: como fazer?
De fato, é importante o envolvimento de mais pessoas em causas sociais, para lutar por mudanças e uma evolução conjunta. Para isso, a conscientização se torna essencial, para que seja possível mobilizar mais a sociedade e conseguir esta maior participação. Érica defende a educação e acredita que é através dela que será possível fazer isso.
“A educação nunca vai ser um gasto, como muitos dizem, ela sempre é um investimento. Sempre vai dar um retorno daqui uns anos, e não somente na economia, mas também nessas causas de conscientização, de consciência de classe. A educação é a base de tudo”.
Infelizmente a arte ainda não recebe sua devida valorização, e cada vez mais retiram-se recursos, pois ela não é considerada algo essencial. A estudante comenta que em função disso, muitas pessoas não têm acesso. “Uma das formas que eu acredito ser importante para que ela seja mais valorizada, é que ela seja mais incentivada, que haja políticas públicas para isso, para que as pessoas possam conhecê-la”, finaliza.
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