No Brasil, as drogas mais consumidas são o álcool e o tabaco. A secretaria de saúde de Chapecó, não tem um levantamento de quais são as drogas mais consumidas no município. Porém, já foi solicitado uma pesquisa.

Por: Alessandra Favretto e Débora Maffissoni 

Professora responsável: Angélica Luersen

CAPS AD

O Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e Drogas, surgiu à partir de uma reforma psiquiátrica e são dispositivos que atendem usuários que não podem ficar sem cuidados, mas não tem indicação de internação. Atende todos os tipos de dependência: Drogas lícitas, ilícitas ou prescritas. O quadro de funcionários, é formado por psicólogos, assistente social, enfermeiros, nutricionista, educador físico e estagiários.

Em Chapecó existem três modalidades de atendimento. O Caps I, atende todas as demandas, inclusive transtorno mental sem o uso de drogas. O Caps II tem atividades parecidas com a do Caps Ad III. Entretanto, o atendimento do Caps III, conta com a ala de observação em leito, que funciona 24 horas. Para o público externo, o atendimento é em horário comercial, devido aos riscos de manter um dependente em que o quadro ainda não foi definido.

Cidadãos indistintamente podem procurar por ajuda. Para iniciar o tratamento no Caps Ad, é necessário a força de vontade do paciente, e também é preciso realizar o projeto terapêutico. Oneide Souza Figueiredo, é o responsável pelo centro de atendimento e relata que existem três formas de internação, “A voluntária faz com que o paciente, por vontade própria se dirija ao Caps. A involuntária, o paciente reconhece que precisa do tratamento, mas não quer, e a família pode se responsabilizar pelo mesmo. Já a judicial é rara, se não houver um familiar que possa ajudar, o juiz pode assinar os documentos”. O coordenador também destaca que “se um morador de rua precisar de auxílio, ele também vai ter orientação”, mas geralmente eles não realizam o tratamento e brincam que “há algo mais importante para fazer na rua”.

Franciele Castanho, 29 anos – psicóloga

A pessoa que está em tratamento para a dependência química necessita de muita atenção, paciência e apoio dos familiares. Isso é fundamental para o sucesso do tratamento, afinal sabe-se que é um processo difícil e complexo, que exige persistência e o envolvimento com o tratamento psicológico, médico e fármaco. [COM A FAMÍLIA] É importante que os profissionais que atendem o paciente dependente químico, consigam informar e orientar os familiares sobre o tratamento, no que diz respeito à importância da adesão ao uso de medicamentos, à psicoterapia individual ou familiar, bem como das dificuldades que encontrarão no decorrer do tratamento, auxiliando-os no manejo das situações que virem a acontecer. [DURANTE O PERÍODO DE ACOMPANHAMENTO] Não podemos afirmar e generalizar o processo de tratamento e recuperação do dependente químico, pois sabemos das individualidades dos sujeitos. Assim, é difícil determinar como cada um receberá o tratamento. Além disso, devemos considerar qual vai ser a instituição a qual o paciente estará vinculado para realizar o tratamento. Então, o tratamento também estará condicionado à abordagem utilizada pela instituição. Deste modo, sabe-se que há probabilidades de recaídas e é necessário o apoio social e familiar para compreender este processo e permanecer no tratamento. [NA VISITA AO PSICÓLOGO] Um dos objetivos do tratamento psicoterápico é fazer com que o paciente expresse suas emoções, entrando em contato, muitas vezes, com seus medos e sentimentos relacionados com a dependência química, tanto aqueles relacionados com a motivação para o uso da substância química quanto aqueles relacionados ao tratamento e à recaída.

Casa de Recuperação Renascer

Fundada há vinte anos por Amarildo Sperandil de Bairros, a Casa de Recuperação Renascer, tem como objetivo ajudar na reabilitação dos dependentes químicos e construir novos conceitos em relação às drogas. O tratamento espiritual, não é o foco. Entretanto, é uma forma de trabalhar com o problema. Pois, segundo Amarildo, “É comprovado que o índice de recuperação é bem maior”. Nenhuma religião é pregada, mas Deus é uma base para permitir que o dependente acredite em sua recuperação. Pessoas que se envolvem com as drogas e caem na dependência, provavelmente são as que enfrentam uma série de problemas e não encontram força para seguir um caminho diferente.

Para iniciar o tratamento, é necessário que a própria pessoa queira se tratar. Os exames exigidos são os de urina, hepatite, HIV e hemograma, e não é permitido iniciar o processo de recuperação sem encaminhar os documentos. Geralmente, é a família que procura por ajuda, então devem se dirigir ao escritório da Renascer para receber as orientações.

Moradores de rua, também buscam uma forma de deixar o vício. Porém, eles não tem uma estrutura familiar que possa apoiá-los, e acabam desistindo da ideia. Amarildo destaca: “Nós fizemos todos os encaminhamentos para exames, dentro do possível. Quando a pessoa aceita o tratamento”.

A entidade terapêutica conta com no máximo vinte e cinco internos. As terapias iniciam nos primeiros dias e os pacientes também realizam tarefas para que passem a maior parte do tempo ocupados, como participação em palestras, atividades na horta, artesanato, visitas a biblioteca, um tempo para que possam mexer em eletrônicos e a limpeza da chácara. Caso seja necessário tomar calmante, todos devem ter a receita médica. Entretanto, evitam usar medicamentos para que o paciente deixe o vício. O tratamento básico dura em torno de seis meses e é realizado apenas com maiores de dezoito anos. Pois, a lei obriga que seja separado o tratamento de adolescentes e de adultos. Depois que o paciente está recuperado, ainda os funcionários da Renascer tentam manter contato e pedem para que os ex dependentes visitem a casa.

Para manter a casa de recuperação, Amarildo diz que “As pessoas que tem condições ajudam com alguns valores” e também, recebem contribuições das empresas privadas.

Dead men tell no tales”, da jornalista Isabela Sudatti – Projeto experimental (PEX)

Formada em Jornalismo pela Unochapecó em 2015, Isabela Sudatti realizou seu Projeto Experimental (PEX), para conclusão do curso, em que o tema abordado foi a dependência química. Em formato de ensaio fotográfico, com o nome “Dead men tell no tales” – em português “Homens mortos não contam histórias” –, a jornalista relata o significado do nome para o projeto. “O nome do projeto é, também, o título de uma música lançada em 1979 pela banda inglesa Motôrhead, em uma época em que o uso da heroína era comum entre rockstar. Entretanto, a letra da canção evidencia os perigos da droga e da dificuldade em se livrar da dependência. “Dead men tell no talles”, neste trabalho, significa a busca dos personagens em encontrar outros caminhos, em alcançar uma nova perspectiva para reescrever suas histórias a partir do tratamento”, explica Isabela. As imagens foram produzidas na casa de recuperação Renascer e na Fazenda Esperança – as duas localizadas na cidade de Chapecó (SC). Segundo Isabela, foram aproximadamente dez visitas entre o processo de reconhecimento, conversas e o começo do trabalho fotográfico. A produção durou, em média, entre uma hora e meia e duas horas, em acordo com as instituições.

J. F., 23 anos – gerente comercial

Não suportando mais as situações presenciadas em casa, encontrei no caminho das drogas uma porta de fuga para meus problemas. Fui apresentado às drogas por um tio que era envolvido no tráfico. Com o passar dos anos, ia conhecendo mais sobre o submundo das drogas, experimentando novos tipos, novas sensações… Quando dei por mim, estava preso em um mundo de mentiras, vícios e sensações, mas mesmo com tudo isso, meus problemas ainda estavam batendo minha porta. Lembro como se fosse ontem: estava em casa, de manhã, quando acordei com a polícia batendo em minha porta. Fui preso. Eles achavam que eu era traficante, mas eu era apenas usuário. Na prisão, vivi um verdadeiro inferno, que não gosto nem de lembrar. Quando saí, chorei como uma criança para minha mãe e implorei por ajuda. Era uma decisão difícil, mas eu queria ser internado. Queria sair daquela vida e, assim, fui para uma clínica de reabilitação buscar por auxilio. Foram os dois anos mais longos e difíceis da minha vida, mas o que me mantinha forte era a esperança em um futuro melhor. Agora estou em casa, com a família que tanto amo e percebo que aqueles velhos problemas são apenas meras dificuldades nessa longa caminhada da vida… Às vezes, no meio da noite, ainda tenho uma grande ansiedade, mas sei que tenho que ser forte, pois o caminho é longo e todo o dia é uma nova vitória.

M. T., 23 anos – estudante

Uso a planta como forma de tratamento já tem um ano. Descobri essa alternativa por meio de documentários e reportagens que acompanhei na internet. Como sempre procurei conhecer bem sobre o assunto e pesquisei bastante, tenho uma opinião bem formada sobre a “droga”. Existe muita desinformação sobre o assunto. Não tem como saber bem o que é verdade ou não. Após começar o uso da planta, tive uma diminuição de 90% da minha ansiedade, além do desaparecimento das minhas síndromes de pânico, que costumavam ser frequentes. A aceitação das pessoas, inclusive familiares, depende muito. É tudo muito relativo nesse aspecto. Os que sabem, aceitam de maneira normal. Porém, não é algo que saio conversando abertamente com todos devido ao preconceito que existe em torno dela. Mas isso depende muito da visão de cada pessoa sobre a planta. Muitas ainda são “mente fechada” em assuntos que envolvam a maconha. Muitas generalizam e acham que esse tipo de coisa é apenas uma “fuga da realidade”. Mas é relativo. Vai de cada pessoa e a informação que ela tem sobre a droga. Quando procurei um profissional que estuda essa forma de tratamento, as orientações foram, principalmente, usar com cautela. Eu uso uma quantidade mínima por dia e não passa disso. Me adaptei muito bem ao tratamento. Uso em horários onde sei que não vai me prejudicar em outras atividades diárias. Do meu convívio, não conheço outras pessoas que usam a planta para esse tipo de tratamento. Mas no meu caso, resolveu.