Na pandemia, consumidores mudam hábitos e aquecem mercado de cosméticos naturais e veganos

Por Alessandra Dias*

Foto: Alessandra Dias

O mercado da beleza e cuidados pessoais tem voltado às atenções aos cosméticos naturais, orgânicos e veganos. Com a pandemia, essa tendência ganhou fôlego já que muita gente decidiu mudar hábitos e comportamentos ligados à escolha de um produto.

Hoje o Brasil é o quarto maior mercado de beleza e cuidados pessoais do mundo, segundo o provedor de pesquisa de mercado Euromonitor International. O estudo aponta que composições orgânicas e naturais são uma das três principais tendências globais do mercado. 

Grandes e pequenas empresas têm voltado as atenções para esse nicho de mercado, cada vez mais emergente. Em 2020, a acadêmica de farmácia Bianca Oliveira fundou a marca Èmana Botanic em Chapecó (SC). A empresa é focada em produtos veganos, naturais e livres de crueldade animal na linha de cuidados com a pele. Na lista de produtos há cremes faciais, argilas, óleo corporal, sérum (dermocosmético) e outros.

Foto: Instagram/ Reprodução

Bianca reforça que atenta para a procedência dos ingredientes que utiliza. Atualmente, sua matéria-prima vem de uma empresa de São Paulo, além de adquirir alguns produtos da Amazônia e de uma amiga de Florianópolis.

“É um produto que é feito de coração, especificamente pra ti, com aquilo que tu precisa. Tenho clientes que me falam ‘já testei de tudo e só o teu produto resolveu’. Além de ser a base natural, a acadêmica aplica Reiki em todos os produtos. “A minha marca não trabalha só com o aspecto de cuidar da pele de maneira superficial. A gente quer tratar nosso interno, é muito mais que um produto”, declara.

Confira a entrevista sobre sustentabilidade e cosméticos naturais e veganos da Èmana no Podcast Jeito de Levar a Vida!

Já Sabrina Lazarotto é fundadora da marca de bolsas Labuta e também desenvolve produtos naturais para consumo próprio, como por exemplo, demaquilante, desodorante, tônico facial, creme dental entre outros. Sabrina é vegana há seis anos e alerta para o consumismo exacerbado de cosméticos. 

“Eu acho que quanto mais natural melhor, até porque essa é a proposta dentro da minha visão, não só a gente fazer produtos naturais, mas também diminuir a quantidade de coisas que a gente usa. A indústria de cosméticos sempre vai dizer que você vai precisar de mais e mais, e no final das contas você não se conhece, não conhece seu corpo, sua pele, seu cabelo, sua unha e fica aí comprando mil coisas”. 

Sabrina percebe um crescimento de marcas produzindo cosméticos naturais, veganos e orgânicos. Porém, a fundadora da Labuta entende que muitas marcas apenas se apropriaram do discurso de sustentabilidade e veganismo. Na prática, pouco fazem.

“Tem marcas grandes que tem as suas linhas veganas, orgânicas, que dizem que vão salvar o planeta terra e no final das contas são eles que estão destruindo. É um marketing. Enfim, tem sim um crescimento, é extremamente relevante, mas a gente não pode deixar de perceber que esse crescimento também está ligado a essas marcas grandes que na verdade não são nada do que dizem”, aponta. 

Menos plásticos, mais sustentabilidade 

O consumo de plástico nas embalagens é outra preocupação das empresas do ramo de cosméticos. Empresas como Èmana Botanic e a Labuta possuem logísticas sustentáveis – conhecida como lógica reversa. 

Na Èmana, além do uso de embalagens de vidro nos produtos, o cliente pode devolver o frasco e receber 10% de desconto em qualquer outra mercadoria. Depois de esterilizado, é reutilizado. “Aqui em casa, a gente só usa embalagens de vidro, então, eu pensei: por que não tentar evitar o uso de plásticos na Èmana?”, explica Bianca. 

Já na Labuta, os produtos ganham nova forma. As bolsas artesanais são feitas com fio de malha reciclado e materiais de descarte, desde forro, tecidos, miçangas e fivelas.  “As pessoas que compram comigo, quando chega o fim do ciclo podem me mandar o produto porque eu vou transformar em outra coisa.”

Bolsa produzida com materiais de descarte e fio de malha reciclado. Foto: Instagram/ Reprodução

“As pessoas que compram comigo, quando chega o fim do ciclo podem me mandar o produto porque eu vou transformar em outra coisa, e a labuta transforma agora: na labuta por um mundo melhor através da transformação de materiais de descarte”, afirma. “Labuta significa trabalho, e tudo isso que eu falei de sustentabilidade, veganismo, é uma labuta, é uma luta, é árduo, mas nem tudo que é árduo precisa ser penoso, pode ser muito gostoso de fazer também, é nisso que eu acredito”.

(*) Com orientação do professor Hygino Vasconcellos

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.