Em ano de pandemia, golpe do WhatsApp lesou 591 pessoas em Chapecó

Em ano de pandemia, golpe do WhatsApp lesou 591 pessoas em Chapecó

Por Anelize Iltchenco* Em questão de segundos, o que seria uma mensagem promocional era, na verdade, um golpe. Em 04 de fevereiro deste ano, o produtor rural Alex Brandalise, 31 anos, foi informado pelo Instagram que concorria a um gado holandês, animal de raça nobre avaliado em aproximadamente R$6.000. A mensagem era do perfil “Agroleite”, que ele já seguia há algum tempo e, por isso, não desconfiou. Além de uma mensagem de SMS, os golpistas pediram a senha da segunda etapa de verificação do Whatsapp. Após ter digitado o código, não conseguiu ter mais acesso ao aplicativo. E pronto, virou mais uma vítima do golpe do Whatsapp. Prática comum, este tipo de golpe tem virado sinônimo de dor de cabeça para muitos usuários do aplicativo. Só no ano passado, foram 591 registros em Chapecó, segundo o delegado Ricardo Casagrande. O número é 238% maior em relação a 2019 que teve 174 casos, e 671% maior que em 2018 com 67 ocorrências, ainda de acordo com o delegado. Há tentativas de golpes através de sites falsos, redes sociais e contatos via e-mail, mas o que mais preocupa é por meio do WhatsApp, por ser uma rede de mensagens instantâneas. Segundo estatísticas da empresa de cibersegurança Kaspersky, o Brasil é o país que mais sofre com ataques virtuais. Em 2020, um em cada cinco brasileiros sofreu uma tentativa de golpe, chamada de phishing, no qual os criminosos aproveitaram o momento covid-19 para disseminar páginas falsas de acessos a serviços, de ofertas de máscaras e álcool em gel a até mesmo inscrições para vacinas. No caso do produtor rural, a maneira utilizada...

“Risco semanal”, avalia biomédico sobre auto hemoterapia

Biomédico alerta sobre prática da auto hemoterapia  Por: Caroline Raquel Schuh Sem eficácia comprovada, a auto hemoterapia gera preocupação da comunidade científica. Para o biomédico e farmacêutico Régis Carlos Benvenutti, o risco de reinjetar o próprio sangue semanalmente pode levar a problemas como inoculação de microorganismos, infecções, necrose tecidual, dermatite entre outros. Na entrevista abaixo, ele diferencia a técnica nova e outra secular. Onde e quando surge o conceito de hemoterapia? A hemoterapia é um procedimento consagrado que teve a primeira experiência em 1818, na Inglaterra. Posteriormente, teve a sua melhora a partir da descoberta do sistema ABO (classifica grupos sanguíneos em tipos A, B, AB e O), do sistema fator RH positivo e negativo, a partir do período científico, quando tivemos a descoberta do microscópio que serviu para se ter a visualização das células sanguíneas.  Por ser uma técnica consagrada e antiga, ela tem suas funções. Quais seriam? A hemoterapia é uma prática comum, rotineira na clínica médica e de extrema importância. Ela é comprovada cientificamente e utilizada para tratar distúrbios como anemia, leucemia, choque circulatório, quando há poucos elementos circulando nos vasos sanguíneos, e tudo isso já é consagrado. Tem uma relevância científica enorme. E qual a diferença entre a hemoterapia e auto hemoterapia? Quando adentramos os termos da auto hemoterapia, nós pisamos em um campo diferente. A auto hemoterapia é uma prática onde os defensores falam sobre a inoculação de sangue venoso no sistema muscular. Isso quer dizer o quê? É retirada alguma quantia de sangue, 05 ml aproximadamente, e introduzido em músculos como o glúteo ou músculos do braço. Segundo esses defensores, essa prática promoveria...

Produção leiteira: pandemia e estiagem afetam o setor

Por Katlen Karczewski* A silagem de milho é o principal alimento ingerido pelas vacas leiteiras. Foto: Katlen Karczewski. Com a pandemia de Covid-19, diversos segmentos econômicos foram afetados, direta ou indiretamente. A agricultura não passou ilesa, sobretudo a cadeia produtora de leite. Além da pandemia, no último trimestre de 2020 uma forte estiagem atingiu a região Extremo-oeste de Santa Catarina, afetando a produção de grãos, principalmente o milho e a soja, base da alimentação do gado. O dólar alto acabou elevando o custo dos insumos, em especial aqueles que possuem grãos em suas composições, o que deixou a situação mais difícil para o setor. De setembro de 2020 a fevereiro deste ano, o valor pago pela indústria aos produtores variou de R$ 1,79  para R$ 1,52 o litro do produto, segundo dados do Sindileite-SC. O agricultor de São Miguel do Oeste (SC) Seno Persch, trabalha no ramo há mais de 20 anos e observa que os valores não pagam os custos de produção. “Essa variação nos impacta bastante, porque a queda no preço do leite não acompanha os valores dos insumos, que continuam altos. Além disso, não sabemos o que está por vir e nosso trabalho com as vacas é contínuo e precisa de investimento. Já passamos por momentos muito difíceis, eu e minha família, mas essa fase atual está castigando”, complementa Persch.  Variações nos valores pagos aos produtores de leite gera instabilidade no setor. Foto: Katlen Karczewski. Por outro lado, a indústria também sofre impactos. O diretor da Cooper 25 de Maio, indústria de processamento de leite de São Miguel do Oeste, Adelar Bavaresco, percebeu oscilação no consumo desde...

Na pandemia, consumidores mudam hábitos e aquecem mercado de cosméticos naturais e veganos

Por Alessandra Dias* Foto: Alessandra Dias O mercado da beleza e cuidados pessoais tem voltado às atenções aos cosméticos naturais, orgânicos e veganos. Com a pandemia, essa tendência ganhou fôlego já que muita gente decidiu mudar hábitos e comportamentos ligados à escolha de um produto. Hoje o Brasil é o quarto maior mercado de beleza e cuidados pessoais do mundo, segundo o provedor de pesquisa de mercado Euromonitor International. O estudo aponta que composições orgânicas e naturais são uma das três principais tendências globais do mercado.  Grandes e pequenas empresas têm voltado as atenções para esse nicho de mercado, cada vez mais emergente. Em 2020, a acadêmica de farmácia Bianca Oliveira fundou a marca Èmana Botanic em Chapecó (SC). A empresa é focada em produtos veganos, naturais e livres de crueldade animal na linha de cuidados com a pele. Na lista de produtos há cremes faciais, argilas, óleo corporal, sérum (dermocosmético) e outros. Foto: Instagram/ Reprodução Bianca reforça que atenta para a procedência dos ingredientes que utiliza. Atualmente, sua matéria-prima vem de uma empresa de São Paulo, além de adquirir alguns produtos da Amazônia e de uma amiga de Florianópolis. “É um produto que é feito de coração, especificamente pra ti, com aquilo que tu precisa. Tenho clientes que me falam ‘já testei de tudo e só o teu produto resolveu’. Além de ser a base natural, a acadêmica aplica Reiki em todos os produtos. “A minha marca não trabalha só com o aspecto de cuidar da pele de maneira superficial. A gente quer tratar nosso interno, é muito mais que um produto”, declara. Confira a entrevista sobre sustentabilidade...

Lockdown em Chapecó: Farinha pouca, meu pirão primeiro

Por Gabriel Augusto Scheffer* No dia 22 de fevereiro, pessoas se aglomeraram com medo do fechamento de supermercados devido ao lockdown parcial anunciado na cidade de Chapecó-SCFoto-Gabriel Scheffer Não! Esta matéria não é sobre culinária ou receita de pirão de peixe. O título com traços de ironia remete ao refrão de Meu pirão primeiro, do cantor e compositor Bezerra da Silva. Além da música, a expressão também é um ditado popular que expressa o egoísmo do ser humano em certas situações, de pensar apenas em si e não no coletivo. Em um contexto de crise causada pelo coronavírus, a frase fica ainda mais evidente.  Em 22 de fevereiro, os supermercados de Chapecó registraram filas quilométricas, aglomeração, empurra-empurra e nervosismo. A cena ocorreu antes mesmo do prefeito João Rodrigues anunciar um lockdown parcial na cidade devido ao colapso no sistema de saúde por conta da covid-19. Um áudio do próprio chefe do Executivo, inicialmente direcionado aos vereadores, acabou vazando e a população, em pânico, decidiu encher a despensa.  Mas a cena de pânico não foi exclusiva da pandemia. Em 2018, motoristas desesperados acabaram com a gasolina na cidade antes mesmo do início da greve dos caminhoneiros. Mas o que faz as pessoas agirem assim? É o que vamos discutir nesta reportagem. A influência do meio e das redes sociais  Há três motivos que podem explicar o pânico das pessoas em momentos de crise, entende a professora de sociologia da rede estadual de ensino Camila Pelegrini. A necessidade do ser humano conviver em grupo é o primeiro deles; na sequência vem a influência de outras pessoas no nosso comportamento, hábitos e...

“Dei uma aula”, diz enfermeira da linha de frente da covid-19 que confrontou paciente recém-positivada em supermercado

Por Fernanda Hinning* A auxiliar de enfermagem Ceonara Balen acabara de sair do trabalho, na Unidade Básica de Saúde após  tratar pacientes com Covid-19. Ao estacionar o carro no supermercado, deparou-se com uma paciente que há poucos minutos tinha descoberto que estava positivada para o coronavírus. Mesmo com o diagnóstico, a mulher resolveu fazer compras e saía do estabelecimento carregada com sacolas. Ceonara não pensou duas vezes e foi confrontá-la.  Áudio de Ceonara que ganhou repercussão “Eu falei para ela que era por causa de gente como ela que a situação está como está. Que a gente estava indo trabalhar com medo de morrer e de quem pode morrer por gente como ela”. O caso aconteceu em 27 de fevereiro em Pinhalzinho, no oeste catarinense, e ganhou repercussão nacional. Surpresa, a mulher pediu perdão para a profissional de saúde, arrependida. A mulher infectada é professora do município. Em nota, a Secretaria de Saúde informou que iria dar os encaminhamentos para a professora que descumpriu o isolamento.  A situação flagrada pela auxiliar de enfermagem não é pontual. Na verdade, se repete dia após dia por parte da população que encara o coronavírus com desdém e ignora a gravidade da situação. Doze dias após o incidente, foi aprovada uma lei em Pinhalzinho que penaliza em R$ 1 mil quem descumprir o isolamento. Os positivados com coronavírus que forem flagrados na rua, terão que pagar a multa e serão escoltados para casa. Além disso, uma força tarefa organizada pela prefeitura em parceria com a Polícia Militar tem feito visitas às casas dos doentes para verificar se estão cumprindo o isolamento.  Enquanto nas...