Na pandemia, consumidores mudam hábitos e aquecem mercado de cosméticos naturais e veganos

Por Alessandra Dias* Foto: Alessandra Dias O mercado da beleza e cuidados pessoais tem voltado às atenções aos cosméticos naturais, orgânicos e veganos. Com a pandemia, essa tendência ganhou fôlego já que muita gente decidiu mudar hábitos e comportamentos ligados à escolha de um produto. Hoje o Brasil é o quarto maior mercado de beleza e cuidados pessoais do mundo, segundo o provedor de pesquisa de mercado Euromonitor International. O estudo aponta que composições orgânicas e naturais são uma das três principais tendências globais do mercado.  Grandes e pequenas empresas têm voltado as atenções para esse nicho de mercado, cada vez mais emergente. Em 2020, a acadêmica de farmácia Bianca Oliveira fundou a marca Èmana Botanic em Chapecó (SC). A empresa é focada em produtos veganos, naturais e livres de crueldade animal na linha de cuidados com a pele. Na lista de produtos há cremes faciais, argilas, óleo corporal, sérum (dermocosmético) e outros. Foto: Instagram/ Reprodução Bianca reforça que atenta para a procedência dos ingredientes que utiliza. Atualmente, sua matéria-prima vem de uma empresa de São Paulo, além de adquirir alguns produtos da Amazônia e de uma amiga de Florianópolis. “É um produto que é feito de coração, especificamente pra ti, com aquilo que tu precisa. Tenho clientes que me falam ‘já testei de tudo e só o teu produto resolveu’. Além de ser a base natural, a acadêmica aplica Reiki em todos os produtos. “A minha marca não trabalha só com o aspecto de cuidar da pele de maneira superficial. A gente quer tratar nosso interno, é muito mais que um produto”, declara. Confira a entrevista sobre sustentabilidade...

Lockdown em Chapecó: Farinha pouca, meu pirão primeiro

Por Gabriel Augusto Scheffer* No dia 22 de fevereiro, pessoas se aglomeraram com medo do fechamento de supermercados devido ao lockdown parcial anunciado na cidade de Chapecó-SCFoto-Gabriel Scheffer Não! Esta matéria não é sobre culinária ou receita de pirão de peixe. O título com traços de ironia remete ao refrão de Meu pirão primeiro, do cantor e compositor Bezerra da Silva. Além da música, a expressão também é um ditado popular que expressa o egoísmo do ser humano em certas situações, de pensar apenas em si e não no coletivo. Em um contexto de crise causada pelo coronavírus, a frase fica ainda mais evidente.  Em 22 de fevereiro, os supermercados de Chapecó registraram filas quilométricas, aglomeração, empurra-empurra e nervosismo. A cena ocorreu antes mesmo do prefeito João Rodrigues anunciar um lockdown parcial na cidade devido ao colapso no sistema de saúde por conta da covid-19. Um áudio do próprio chefe do Executivo, inicialmente direcionado aos vereadores, acabou vazando e a população, em pânico, decidiu encher a despensa.  Mas a cena de pânico não foi exclusiva da pandemia. Em 2018, motoristas desesperados acabaram com a gasolina na cidade antes mesmo do início da greve dos caminhoneiros. Mas o que faz as pessoas agirem assim? É o que vamos discutir nesta reportagem. A influência do meio e das redes sociais  Há três motivos que podem explicar o pânico das pessoas em momentos de crise, entende a professora de sociologia da rede estadual de ensino Camila Pelegrini. A necessidade do ser humano conviver em grupo é o primeiro deles; na sequência vem a influência de outras pessoas no nosso comportamento, hábitos e...

“Dei uma aula”, diz enfermeira da linha de frente da covid-19 que confrontou paciente recém-positivada em supermercado

Por Fernanda Hinning* A auxiliar de enfermagem Ceonara Balen acabara de sair do trabalho, na Unidade Básica de Saúde após  tratar pacientes com Covid-19. Ao estacionar o carro no supermercado, deparou-se com uma paciente que há poucos minutos tinha descoberto que estava positivada para o coronavírus. Mesmo com o diagnóstico, a mulher resolveu fazer compras e saía do estabelecimento carregada com sacolas. Ceonara não pensou duas vezes e foi confrontá-la.  Áudio de Ceonara que ganhou repercussão “Eu falei para ela que era por causa de gente como ela que a situação está como está. Que a gente estava indo trabalhar com medo de morrer e de quem pode morrer por gente como ela”. O caso aconteceu em 27 de fevereiro em Pinhalzinho, no oeste catarinense, e ganhou repercussão nacional. Surpresa, a mulher pediu perdão para a profissional de saúde, arrependida. A mulher infectada é professora do município. Em nota, a Secretaria de Saúde informou que iria dar os encaminhamentos para a professora que descumpriu o isolamento.  A situação flagrada pela auxiliar de enfermagem não é pontual. Na verdade, se repete dia após dia por parte da população que encara o coronavírus com desdém e ignora a gravidade da situação. Doze dias após o incidente, foi aprovada uma lei em Pinhalzinho que penaliza em R$ 1 mil quem descumprir o isolamento. Os positivados com coronavírus que forem flagrados na rua, terão que pagar a multa e serão escoltados para casa. Além disso, uma força tarefa organizada pela prefeitura em parceria com a Polícia Militar tem feito visitas às casas dos doentes para verificar se estão cumprindo o isolamento.  Enquanto nas...

Descontrole com o coronavírus no Brasil preocupa outros países e pode comprometer ainda mais a economia

Por Mônica Guerini*  Imagem do site Olhar Digital A situação crítica da pandemia faz o mundo voltar às atenções para o Brasil. E não é por menos: somos o segundo país em maior número de mortes pelo coronavírus. Em março deste ano, duas reportagens do jornal norte-americano New York Times escancararam o cenário caótico do coronavírus em terras tupiniquins.  No começo do mês, o tablóide criticou a ineficiência do governo federal para conter o contágio e alertou para o risco das variantes do novo coronavírus já terem atravessado as fronteiras brasileiras. A publicação norte-americana chegou a classificar o Brasil como “celeiro” para a doença. Dias depois, outra reportagem mostrou que o Brasil está relatando mais novos casos e mortes do que qualquer outro país do mundo. Segundo o jornal, o colapso é um fracasso total para o país que, nas últimas décadas, chegou a ser considerado modelo para outras nações em desenvolvimento.  Mas a crítica não é apenas do New York Times. Somam-se ao coro outros jornais estrangeiros, líderes políticos de diferentes países e entidade internacionais como a Human Rights Watch que publicou um relatório mundial onde afirma que o presidente Jair Bolsonaro tentou sabotar medidas de prevenção contra a covid-19. O documento ainda fala que as medidas de fiscalização ambiental foram enfraquecidas, o que contribui para o desmatamento e incêndios na Amazônia que aumentaram cerca de 16% em 2020, segundo matéria publicada pela Folha.  A situação pode acabar interferindo na economia, já bastante afetada com a pandemia, lembra o estudante de relações internacionais da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Douglas Welter Reichert.   “Os investidores e as empresas...

Sequelas da covid-19 acometem 7 a cada 10 pacientes

Por Christopher Rodrigues Fustes Marin* Centro de Reabilitação Pós-Covid no Ginásio Ivo Silveira, em Chapecó Foto: Prefeitura de Chapecó As sequelas deixadas pela covid-19 não são poucas e podem durar meses para serem revertidas. Estudo feito pela Universidade de Leicester, no Reino Unido, descobriu que sete em cada dez pacientes hospitalizados pela Covid-19 não se recuperaram totalmente, mesmo após cinco meses de alta médica. A pesquisa analisou 1.077 pessoas que ficaram internadas entre o mês de março e novembro do ano de 2020. O resultado foi que grande parte dos pacientes recuperados manifestaram uma média de nove sintomas da doença após o fim da infecção, seja relacionada à saúde mental ou física. Entre eles estão a fraqueza nos membros, sensação de falta de ar, perda de memória a curto prazo, fadiga, dor muscular e insônia. Além disso, a pesquisa constatou que as pessoas com mais probabilidade de manifestar sintomas persistentes são mulheres de meia-idade com diabetes, asma ou doenças cardíacas.  No estado de São Paulo, 42% dos pacientes internados nos meses de março e abril do ano passado foram acompanhados após o período de infecção, um total de 7.136 pessoas.   Fisioterapia ajuda a tratar sequelas A recomendação é que o paciente, após o fim da infecção, procure um clínico geral para avaliar possíveis sequelas, segundo a fisioterapeuta Suyane Smaniotto. Entre os exames que os médicos podem requisitar estão a tomografia de tórax, eletrocardiograma, teste ergométrico e ressonância magnética.Uma das principais sequelas ocorre no sistema respiratório. Nestes casos, observa a fisioterapeuta, são feitos exercícios e procedimentos para fortalecer a musculatura respiratória e periférica, e em procedimentos para remoção da...