Por Francisco Luiz Jaime Lund Junior*
O Campeonato Brasileiro é uma das ligas de futebol mais disputadas do mundo, reúne os 20 principais clubes do país, atrai a atenção de milhões de brasileiros a cada rodada e reforça a paixão que o brasileiro tem pelo futebol.
Desde 2003 a competição é feita em formato de pontos corridos, ou seja, a equipe que fizer a maior pontuação é a campeã. Todos os times da elite do futebol se enfrentam em dois turnos – em um deles se joga como mandante e, no outro como visitante, em um total de 38 jogos. As equipes recebem três pontos por vitória e um por empate. Não são atribuídos pontos para derrotas.
Mas você já parou para pensar que a competitividade pode ter diminuído desde o início desse formato? Nos últimos seis anos, todos os campeões mantiveram uma distância média de nove pontos do segundo colocado, na lógica, ganhando o campeonato com antecedência. A única disparidade foi em 2019, no qual o Flamengo manteve 16 pontos do vice colocado Santos.
Antes desse formato ser adotado, o Campeonato Brasileiro era executado em sistema híbrido, uma mistura de mata-mata com pontos corridos. Os oito primeiros colocados se classificavam para as quartas de finais, enfrentando em dois jogos, até um sagrar-se campeão.
A edição desta temporada 2020/21 teve como campeão o Flamengo, que pelo segundo ano seguido venceu a competição e se tornou bicampeão. A série de jogos entrou para a história, como a 4ª mais disputada da história deste formato. O destino do troféu foi decidido na última partida, em disputa paralela com o vice colocado, Internacional.
Queda de rendimento
O ex-árbitro Márcio Chagas afirma que o nível técnico decaiu diante dos anos, principalmente em 2020.“Houve muita oscilação entre as equipes durante os últimos anos, e parecia que neste, em especial, nenhuma equipe estava interessada na competição.”
Ainda pontua que neste ano atípico, o time com mais investimento se sobressaiu. “Nessa situação, equipes com mais dinheiro investem mais em jogadores e podem formar uma “seleção”.” Complementa também, sobre o desgaste mais rápido devido ao tempo parado do atleta, e também, os casos de coronavírus que pedem reposição caso haja surto dentro das instituições. “Times com menor investimento não teriam peças a altura para colocar em campo. Tudo isso depende da gestão do clube, precisa ter planejamento.”
Para o ex-técnico da Chapecoense Celsão Rodrigues o retorno dos jogos, após a interrupção por conta da pandemia, provocou “logísticas difíceis”. A sequência de jogos intensa, segundo o ex-técnico, acabou por afetar o físico e psicológico do atleta. “Viajar para os quatro cantos do Brasil, três vezes por semana é difícil. Sem tempo para treinar, as viagens são longas e os desgastes geram muitas lesões, fora o risco de contágio”.
Acomodação em tempos atípicos
Já o ex-volante colorado Wellington Monteiro entende que a pandemia não tem prejudicado o nível técnico do campeonato e argumenta que a possível queda de rendimento que os torcedores veem em campo pode ter relação com má vontade. “Eu já fui atleta, mesmo parado você treina em casa, o problema é se acomodar, ter má vontade e se descuidar”.
Para o jogador, a última edição do campeonato foi decidida pelo time mais estratégico, após o retorno das partidas. “É claro que o que prevaleceu nesse campeonato, foi aquele clube que foi mais estratégico e inteligente. E neste ano, com uma possível melhora na situação, não teremos tantas paralisações e os times tendem a manter o seu ritmo natural.”
A próxima edição do Campeonato Brasileiro está prevista para 30 de maio deste ano, logo após o término dos campeonatos estaduais. No calendário divulgado pela CBF, o Campeonato encerraria até o dia 5 de dezembro de 2021, se tudo correr como o planejado.
(*) Com a orientação do professor Hygino Vasconcellos